A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a impactar os mercados nesta segunda-feira (7), com o dólar subindo 1,33% frente ao real, cotado a R$ 5,913. A pressão cambial reflete as retaliações anunciadas pela China às tarifas impostas pelos EUA, além da aversão ao risco por parte dos investidores, que migram para ativos considerados mais seguros, como o dólar. O movimento afetou bolsas globais e aumentou a volatilidade, com o real sendo um dos mais prejudicados devido à saída de capitais estrangeiros e à dependência do Brasil do comércio com as duas potências.
Especialistas alertam que o agravamento das tensões geopolíticas pode intensificar a fuga de capitais de mercados emergentes, pressionando ainda mais o câmbio. Paulo Godoi Filho, mestre em finanças pela FGV, destaca que o Banco Central tem ferramentas para mitigar oscilações abruptas, como uso de reservas e swaps cambiais, mas ressalta que intervenções devem ser pontuais e focadas em estabilidade, não em defender um patamar específico para o dólar. Enquanto isso, a valorização da moeda americana ameaça inflacionar importações e combustíveis, complicando as decisões de política monetária.
Apesar do cenário turbulento, analistas consideram que a marca de R$ 6 para o dólar ainda é uma hipótese extrema, dependendo de uma piora significativa no ambiente externo e interno. Investidores devem manter cautela nos próximos dias, diante da imprevisibilidade das políticas comerciais dos EUA e de possíveis sinalizações do BC brasileiro. O mercado segue atento, mas a expectativa é que a volatilidade persista, com riscos concentrados em novos desdobramentos geopolíticos.