A intensificação da guerra tarifária entre Estados Unidos e China pode aproximar os dois países de um acordo comercial, com potenciais impactos negativos para o agronegócio brasileiro. A avaliação é de uma especialista com experiência no mercado chinês, que destaca que grãos e carnes — principais produtos exportados pelo Brasil para a China — seriam os itens mais afetados em uma eventual negociação entre as potências. A interconexão das economias dos EUA e da China torna insustentável a escalada de tarifas, sugerindo que um acordo é questão de tempo, mas o Brasil pode perder espaço caso a China precise direcionar compras agrícolas para os norte-americanos.
A especialista lembra que um cenário similar ocorreu em 2020, com o acordo “Fase 1”, no qual a China se comprometeu a aumentar as compras de produtos agropecuários dos EUA — compromisso não cumprido devido à pandemia. Caso um novo acordo siga o mesmo caminho, o Brasil, mesmo sendo hoje o maior fornecedor de commodities agrícolas para a China, pode ver sua participação no mercado reduzida. Apesar da relação comercial sólida entre Brasil e China, a necessidade de equilibrar interesses com os EUA pode limitar a competitividade brasileira em setores como soja e carne.
A China, porém, tem buscado diversificar seus parceiros comerciais, reduzindo sua dependência dos EUA nos últimos anos. Mesmo assim, a complexidade das relações econômicas entre as duas potências dificulta prever os reais impactos da guerra tarifária. Para o agronegócio brasileiro, a recomendação é cautela, já que a volatilidade do cenário internacional exige atenção a possíveis mudanças nos fluxos de comércio global.