A decisão dos Estados Unidos de impor tarifas de até 25% sobre produtos europeus reavivou na União Europeia a discussão sobre a necessidade de diversificar parcerias comerciais. A França, que antes se opunha ao acordo com o Mercosul, passou a sinalizar uma abertura, organizando uma reunião com representantes de dez países europeus para revisar os termos do tratado. Apesar do movimento, Paris mantém ressalvas, defendendo cláusulas de proteção para o setor agrícola europeu e destacando que o comércio com os EUA ainda é muito superior ao realizado com o bloco sul-americano.
O governo francês reconhece a importância de buscar alternativas diante das barreiras comerciais impostas pelos EUA, mas ressalta que as tarifas americanas não alteram automaticamente sua posição sobre o acordo. Enquanto a União Europeia exportou US$ 606 bilhões para os EUA em 2024, as vendas para o Mercosul somaram € 55,7 bilhões em 2023. A Comissão Europeia estima que o tratado com o bloco sul-americano possa aumentar as exportações em € 25 bilhões até 2035, mas o presidente Emmanuel Macron adotou um tom mais cauteloso, sugerindo que empresas europeias suspendam investimentos nos EUA até que as tarifas sejam esclarecidas.
O cenário atual, marcado pelo protecionismo americano, pode acelerar as negociações entre a UE e o Mercosul, mas os europeus não abrirão mão de exigências ambientais e de proteção ao agronegócio local. A recente reunião liderada pela França indica uma tentativa de encontrar um caminho intermediário, equilibrando interesses comerciais e salvaguardas para a economia europeia. O impasse persiste, mas o contexto geopolítico pode servir como catalisador para um avanço nas discussões.