As novas tarifas impostas pelo governo dos EUA sobre importações chinesas, que em alguns casos chegam a 145%, estão colocando em risco décadas de dependência das empresas americanas em relação à China. Executivos como Rick Woldenberg, da Learning Resources, calculam que os custos podem se tornar insustentáveis, com aumentos que vão de US$ 2,3 milhões para mais de US$ 100 milhões em tarifas até 2025. A medida, que visa pressionar a China e incentivar a produção doméstica, ameaça setores inteiros, de brinquedos a móveis, e pode significar o fim de uma era de bens de consumo baratos nos EUA.
A dependência de produtos chineses é profunda: o país fornece 97% dos carrinhos de bebê importados pelos EUA, 95% dos fogos de artifício e 90% dos pentes, segundo dados do banco Macquarie. Empresas que montaram cadeias de suprimentos na China ao longo de décadas agora enfrentam custos explosivos e incertezas logísticas. David French, da National Retail Foundation, alerta que as consequências podem ser “apocalípticas”, com preços mais altos para os consumidores e desaceleração econômica.
Muitas empresas estão correndo para diversificar produção, mas a transição não é simples. Algumas, como a MGA Entertainment, preveem aumentos de até 150% no preço de brinquedos, enquanto outras, como The Edge Desk, cancelam planos de fabricação na China. Woldenberg destaca que realocar produção para os EUA é inviável, já que não há infraestrutura ou mão de obra qualificada disponível. Sem redução nas tarifas, milhares de pequenos fornecedores chineses podem falir, levando consigo ferramentas e moldes essenciais para a indústria americana.