Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram que o consumo de oito ou mais doses de álcool por semana está associado a um risco significativamente maior de danos cerebrais ligados a déficits cognitivos, como os observados em casos de demência. Publicado na revista Neurology, o estudo analisou amostras de tecido cerebral de 1.781 indivíduos, com média de idade de 75 anos, e comparou os efeitos do consumo de álcool ao longo da vida. Os resultados mostraram que quem ingeria oito ou mais doses semanais tinha 133% mais chances de desenvolver lesões vasculares cerebrais em comparação aos que nunca consumiram álcool.
O estudo dividiu os participantes em quatro grupos, desde abstêmios até ex-bebedores excessivos, e observou que mesmo quem parou de beber apresentou um risco 89% maior de lesões. Além disso, os pesquisadores identificaram um acúmulo maior da proteína tau, associada ao Alzheimer, nos grupos que consumiam álcool em excesso ou haviam consumido no passado. Essas lesões podem comprometer o fluxo sanguíneo no cérebro e estão ligadas a problemas de memória e raciocínio, sintomas típicos de demência.
A pesquisa reforça a importância de políticas públicas para reduzir o consumo excessivo de álcool e alerta para os impactos de longo prazo na saúde cerebral. Segundo os autores, entender esses efeitos é crucial para conscientizar a população e promover medidas preventivas. O estudo utilizou dados do banco de cérebros da USP, combinados com relatos de familiares sobre hábitos de consumo, e controlou variáveis como idade, tabagismo e prática de exercícios físicos.