Um estudo recente publicado na revista científica BMC Public Health analisou dados de três mil gêmeos dinamarqueses para investigar uma possível relação entre tatuagens e o surgimento de câncer, especialmente linfomas. A pesquisa, realizada em colaboração entre universidades da Dinamarca e da Finlândia, revelou que pessoas com tatuagens grandes (maiores que uma palma da mão) apresentaram maior probabilidade de diagnóstico de linfoma, com risco até três vezes maior. No entanto, os autores ressaltam que o estudo é observacional e não estabelece uma relação direta de causa e efeito, servindo como ponto de partida para pesquisas futuras.
Especialistas consultados destacaram a relevância dos resultados, mas enfatizaram a necessidade de mais evidências antes de alertar a população. O hematologista Arthur Braga, do A.C.Camargo Câncer Center, explicou que a pesquisa abre caminho para discussões sobre fatores de risco, enquanto Carlos Chiattone, da Associação Brasileira de Hematologia, lembrou que estudos observacionais podem não identificar outros fatores envolvidos no aumento do risco. A hipótese levantada pelos pesquisadores sugere que partículas de tinta absorvidas pelo sistema linfático poderiam desencadear inflamação crônica, potencialmente levando ao câncer.
Outros estudos, como um realizado na Suécia com 1,4 mil casos de linfoma, também apontaram um risco 21% maior entre pessoas tatuadas, sem relação com o tamanho da tatuagem. Já uma pesquisa dinamarquesa indicou possível associação com câncer de pele, mas sem evidências robustas. Dermatologistas explicam que o corpo reconhece a tinta como um corpo estranho, gerando uma resposta inflamatória durante a cicatrização. Apesar das descobertas, especialistas concordam que são necessárias mais investigações para confirmar ou descartar os riscos associados às tatuagens.