A China deve receber aproximadamente 3 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos em abril e maio, mesmo com as novas tarifas impostas pelo governo chinês sobre produtos norte-americanos. A maior parte das cargas foi adquirida pela estatal Sinograin, que provavelmente absorverá os custos adicionais, mas enfrentará desafios para revender o produto localmente devido à concorrência da soja mais barata do Brasil, principal fornecedor global. Fontes do setor afirmam que não esperam cancelamentos, já que as compras foram feitas por uma empresa estatal, mas destacam que a comercialização interna exigirá descontos.
A escalada da guerra comercial entre China e EUA ameaça disruptar os fluxos globais de grãos, com ambos os países aumentando tarifas reciprocamente. Em março, a China impôs uma taxa de 10% sobre a soja norte-americana, seguida por uma tarifa adicional de 34% em abril, elevando o total para 44% em cargas que chegarem após 13 de maio. Dados indicam que cerca de 800 mil toneladas estarão sujeitas a esse valor, enquanto outras 2 milhões de toneladas pagarão a taxa inicial.
A China, maior importadora mundial de soja, registrou um recorde de 105 milhões de toneladas em 2024, com o Brasil respondendo pela maior parte do fornecimento. Com uma safra recorde esperada no país sul-americano, a tendência é que a China priorize suas importações brasileiras nos próximos meses, reduzindo ainda mais a dependência dos EUA. Apesar disso, as cargas já contratadas seguem em direção ao mercado chinês, refletindo a complexidade das relações comerciais entre as duas potências.