Pesquisadores brasileiros da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) desenvolveram um sistema de inteligência artificial (IA) capaz de prever o risco de pacientes com hanseníase evoluírem para quadros graves, que podem causar danos permanentes. O sistema, chamado Separeh, utiliza técnicas de mineração de dados e algoritmos para analisar informações clínicas, sociodemográficas, genéticas e laboratoriais de 1,4 mil pacientes de todas as regiões do Brasil. A plataforma online é gratuita e já foi acessada mais de 6,5 mil vezes, por usuários de 45 países.
O Separeh identifica dois tipos de complicações graves da hanseníase: a Reação Tipo 1, que causa inflamações cutâneas súbitas, e a Reação Tipo 2, desencadeada pela morte de bacilos da doença. Essas reações podem ocorrer mesmo após o tratamento e, se não forem tratadas rapidamente, levam a danos neurais irreversíveis. O sistema não exige todos os dados para funcionar, mas sua precisão aumenta com mais informações, alcançando até 85,7% de sensibilidade e 89,4% de especificidade.
A hanseníase ainda é um problema global, com 174 mil casos registrados em 2022, sendo o Brasil o segundo país com mais ocorrências, atrás apenas da Índia. O projeto contou com a colaboração de pesquisadores de diversas instituições, incluindo Universidade de Brasília (UnB) e Fiocruz, destacando-se como uma ferramenta promissora para melhorar o diagnóstico e o manejo da doença.