A Sexta-Feira Santa, parte do tríduo pascal, marca a celebração da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo na tradição católica. Sua data é móvel, baseada no calendário judaico, especificamente na Festa de Pessach, que ocorre durante a lua cheia após o início da primavera no hemisfério norte. A crucificação de Jesus, conforme relatado nos evangelhos, foi antecipada para uma sexta-feira para não coincidir com as celebrações judaicas, simbolizando também o sacrifício do “cordeiro pascal” que redime a humanidade. A data é marcada por rituais de luto, como a adoração da cruz, e variações culturais, como o beijar da cruz no Brasil, em contraste com gestos mais contidos na Europa.
Além do catolicismo, outras religiões, como as de matriz africana, celebram a Páscoa com seus próprios simbolismos, muitas vezes sincretizando figuras como Oxalá com Jesus Cristo. No espiritismo, a ressurreição é interpretada como uma evolução espiritual. A pesquisadora Ana Beatriz Dias Pinto destaca que o período convida à reflexão sobre renovação interior e até mudanças sociais, transcendendo o aspecto religioso.
No Brasil, a Sexta-Feira Santa é feriado nacional devido à sua profundidade cultural e histórica, mantida mesmo após a separação entre Estado e religião. A data também é marcada por encenações da Via Sacra, reforçando seu caráter de contemplação e luto. Para muitos, é uma oportunidade de repensar valores individuais e coletivos, unindo tradição e contemporaneidade em um momento de significação universal.