O Itamaraty afastou um servidor que sugeriu, durante uma reunião organizada pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), que a polícia deveria agir com violência caso indígenas manifestantes causassem distúrbios. O caso foi encaminhado para a corregedoria do ministério para apuração de responsabilidades. A pasta destacou que o funcionário, um motorista, não foi autorizado a se manifestar daquela forma e lamentou o ocorrido. A reunião ocorreu um dia antes de indígenas serem repelidos com gás de pimenta pela Polícia Legislativa durante um protesto em frente ao Congresso Nacional.
Durante a manifestação, cerca de mil indígenas ultrapassaram o limite acordado, avançando até o gramado do Congresso, onde foram contidos pela polícia. A Articulação Nacional dos Povos Indígenas (Apib) classificou o episódio como parte de uma “violência institucional disseminada”. A deputada federal Célia Xakriabá, que acompanhava o protesto, afirmou ter sido atingida pelo gás de pimenta, mesmo identificando-se como parlamentar.
O Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação preliminar para apurar a violência policial durante o protesto e solicitou as gravações da reunião da SSP-DF, além de imagens das câmeras da Praça dos Três Poderes. O MPF ressaltou a importância da liberdade de expressão em uma sociedade democrática, especialmente para grupos historicamente marginalizados, como os povos indígenas.