Em meio às tensões comerciais provocadas pelo anúncio de novas tarifas pelos Estados Unidos, senadores e empresários brasileiros estão organizando comitivas para negociar alternativas com autoridades e setores econômicos americanos. A Comissão de Relações Exteriores do Senado, liderada por Nelsinho Trad, e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) planejam viagens em maio, com o objetivo de discutir facilitação comercial e abertura de mercados. O governo Lula, embora tenha sancionado a Lei da Reciprocidade — que autoriza retaliações a tarifas injustas —, ainda vê espaço para diálogo antes de adotar medidas mais duras.
A CNI pretende levar uma delegação de 15 empresas brasileiras, representando setores como energia, máquinas e biocombustíveis, para encontros com o governo americano e empresários locais. Paralelamente, o Senado busca agilizar uma agenda em Washington, com apoio da Embaixada dos EUA, para fortalecer a cooperação bilateral. Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, e a estratégia é evitar escaladas protecionistas que possam prejudicar as exportações.
Especialistas do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) recomendam cautela e retaliações seletivas, caso necessário, mirando setores de impacto político nos EUA. Eles alertam que as regras do comércio global estão em transformação, e o Brasil deve equilibrar negociação e defesa de seus interesses. O momento exige, segundo a análise, tanto audácia quanto diplomacia para evitar um protecionismo ainda maior.