O papa Francisco, conhecido por sua simplicidade, manteve até o fim da vida o hábito de comprar sapatos em uma pequena loja no bairro de Flores, em Buenos Aires. A Muglia Mocasines, aberta em 1945, era frequentada por Jorge Bergoglio desde sua juventude, quando atuava como padre jesuíta. Os mocassins pretos, simples e duráveis, tornaram-se símbolos de sua humildade, contrastando com o luxo associado a outros papas. A loja, ainda em atividade, virou ponto de peregrinação após sua morte, com fiéis e curiosos buscando os mesmos sapatos que ele usava.
Moradores de Flores lembram Francisco como uma figura acessível, que visitava os pobres e compartilhava chimarrão com amigos e desconhecidos. Juan José Muglia, sapateiro de terceira geração, conta que o papa recusou novos sapatos quando foi para o Vaticano, preferindo manter seu estilo discreto. Sua morte despertou uma onda de emoção no bairro, onde buquês e bilhetes foram deixados na casa onde ele cresceu.
A história dos sapatos reflete o legado de Francisco: um líder que rejeitou ostentação para se conectar com as pessoas comuns. Seus gestos simples, como trocar vestes luxuosas por uma batina branca e optar por um carro popular, ecoam em Flores e além. Para os argentinos, ele permanece como o padre Jorge, que nunca esqueceu suas raízes.