No bairro de Flores, em Buenos Aires, o sapateiro Juan José Muglia e outros moradores relembram com afeto a simplicidade do papa Francisco, que manteve hábitos modestos mesmo após se tornar líder da Igreja Católica. Muglia, cuja família atendeu Jorge Bergoglio por décadas, destaca os sapatos pretos e simples que o pontífice preferia, um símbolo de sua humildade e conexão com as pessoas comuns. A loja Muglia, aberta em 1945, tornou-se um ponto de peregrinação para fiéis e curiosos após a morte do papa, com muitos buscando os mesmos mocassins que ele usava.
Francisco, que cresceu em Flores, era conhecido por sua abordagem despojada, trocando tradições luxuosas do papado por gestos cotidianos, como compartilhar chimarrão com moradores locais. Vizinhos como Alicia Gigante, de 91 anos, recordam sua gentileza e o hábito de abençoar quem o cumprimentava. A Basílica de San José de Flores, onde ele sentiu o chamado religioso, e a casa onde viveu na rua Membrillar viraram locais de homenagens, com flores e bilhetes deixados por admiradores.
Enquanto o mundo reflete sobre o legado de Francisco, Flores preserva a memória de um homem que, mesmo como papa, nunca perdeu suas raízes. A história de seus sapatos simples, contrastando com os modelos luxuosos de antecessores, encapsula sua filosofia de vida. Muglia, orgulhoso do vínculo com o pontífice, resume: “Ele era como todos nós, só que com um coração ainda maior.”