O governo brasileiro destacou os riscos crescentes para o financiamento da dívida pública, com 62,1% da dívida federal sensível à variação da taxa de juros em 2024, o maior nível desde 2008. O aumento reflete a exposição a títulos atrelados à Selic, como as LFTs, cuja demanda cresce em momentos de instabilidade. O Tesouro Nacional projetou que essa parcela deve atingir 58,9% até 2028, acima da estimativa anterior de 51,2%, sinalizando um perfil de dívida mais vulnerável a mudanças na política monetária.
A alta sensibilidade da dívida aos juros básicos ocorre em um contexto de aperto monetário pelo Banco Central, que elevou a taxa Selic para 14,25% desde setembro, com expectativa de novo aumento em maio. O governo atribuiu o cenário à incerteza sobre a consolidação fiscal, que dificulta a emissão de títulos prefixados ou indexados a inflação de longo prazo. Reverter essa trajetória, segundo o documento, exigiria um ambiente macroeconômico mais estável e custos de emissão menores.
Como parte do esforço para melhorar o perfil da dívida, o governo propôs um superávit primário de 0,25% do PIB em 2026, o primeiro no mandato atual. No entanto, analistas como o Itaú consideram o ajuste insuficiente, projetando um déficit de 0,8% do PIB no próximo ano. O debate reforça a necessidade de medidas mais robustas para garantir a sustentabilidade fiscal e reduzir os riscos associados ao endividamento público.