Os resultados financeiros do quarto trimestre de 2024 das empresas listadas no Ibovespa confirmaram uma desaceleração generalizada, com crescimento modesto de 5% nas receitas, queda de 14% no Ebitda e recuo de 34% no lucro por ação (EPS) em comparação com o mesmo período de 2023. Setores ligados a commodities, como energia e materiais, foram os principais responsáveis pela piora, enquanto a exclusão dessas empresas revelou um cenário menos negativo, com alta de 12% em receita e avanço de 14% no EPS. A análise do Bank of America apontou um equilíbrio entre surpresas positivas e negativas, com a razão beat/miss caindo para 1,0x, contra 2,5x no trimestre anterior.
A pressão sobre as margens levou a revisões nas projeções para 2025, com expectativas de crescimento dos lucros reduzidas de 16% para 6% nas empresas não financeiras. Enquanto isso, setores como consumo, serviços financeiros e infraestrutura se destacaram, com desempenho positivo em meio ao cenário desafiador. Empresas como Itaú, Ambev e Cyrela superaram estimativas, impulsionadas por estratégias setoriais específicas. Por outro lado, segmentos como óleo e gás, saúde e distribuição de combustíveis enfrentaram dificuldades, pressionados por fatores externos e operacionais.
O cenário macroeconômico, incluindo incertezas na política comercial dos EUA e o tom mais restritivo do Banco Central, adicionou camadas de complexidade ao ambiente de negócios. Analistas projetam uma recuperação mais forte para 2026, mas o primeiro trimestre de 2025 deve manter a tendência de desaceleração, com menor proporção de resultados positivos. Setores como construção civil, shoppings e varejo de luxo são apontados como potenciais destaques, enquanto petróleo e gás podem apresentar melhora sequencial. A temporada de resultados do 1T25, que começa em abril, será crucial para confirmar ou ajustar essas expectativas.