Milhares de pessoas participaram do festival da água do Ano Novo em Mianmar neste domingo (13), mesmo enquanto o país ainda enfrenta as consequências do terremoto que matou mais de 3.600 pessoas no mês passado. O evento, conhecido como Thingyan, simboliza renovação e limpeza de pecados, mas este ano foi marcado pela austeridade, com a junta militar proibindo música e dança. Muitos residentes de cidades como Mandalay e Sagaing, próximas ao epicentro, seguem vivendo em barracas entre escombros, sem acesso básico a água potável e saneamento.
Apesar das dificuldades, famílias mantiveram tradições, como a compra de vasos de barro e plantas para receber o Ano Novo, mesmo sem terem um lar intacto para colocá-los. Ma Phuy, uma moradora de Mandalay, expressou o conflito entre a obrigação cultural e o luto coletivo, revelando que orientou seus filhos a evitar brincadeiras com água para respeitar o sofrimento dos vizinhos. A situação ilustra a tensão entre a necessidade de normalidade e a realidade de um país em crise.
A ONU alertou que mais de 2 milhões de pessoas necessitam de assistência após o terremoto, que destruiu mais de 5.200 edifícios. Um apelo urgente foi lançado para arrecadar US$ 275 milhões, enquanto organizações como o Programa Mundial de Alimentos reduziram ajuda devido à falta de doações. O terremoto agravou a já frágil situação de Mianmar, afetado por anos de conflitos internos desde o golpe militar de 2021, com relatos de violência persistente apesar de um cessar-fogo anunciado.