Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que organizações investigadas por descontos irregulares nos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS operavam em locais pequenos e sem estrutura adequada. A auditoria analisou 29 entidades, incluindo sindicatos e associações de classe, que firmaram Acordos de Cooperação Técnica com o INSS para descontar mensalidades diretamente dos pagamentos. Muitas dessas instituições não tinham capacidade para oferecer os serviços prometidos, como planos de saúde e assistência funerária, apesar de terem milhões de associados em todo o país.
Durante inspeções em oito sedes, a CGU constatou condições precárias em algumas delas, como imóveis pequenos, sem mobília ou adaptados em residências. Um exemplo citado foi uma associação em Brasília que funcionava em uma sala modesta, com apenas uma secretária, mas que afirmava atender mais de 360 mil pessoas em milhares de municípios. A falta de documentação exigida pelo INSS foi identificada em 70% das entidades auditadas, levantando dúvidas sobre a legalidade dos descontos.
A operação conjunta da CGU e da Polícia Federal revelou um esquema nacional de cobranças indevidas, estimado em R$ 6,5 bilhões entre 2019 e 2024. Entrevistas com beneficiários mostraram que a maioria não autorizou os descontos, e houve indícios de falhas na verificação de consentimento e possíveis falsificações de documentos. As investigações continuam para apurar responsabilidades e garantir a proteção dos direitos dos aposentados e pensionistas.