A regulamentação do mercado de apostas online, em vigor desde janeiro, não diminuiu o volume de recursos movimentados pelos brasileiros nesse setor. Dados do Banco Central revelam que, entre janeiro e março, os valores mensais giraram em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões, superando as estimativas iniciais de R$ 20 bilhões ao mês em 2023. A precisão dos números melhorou após as operadoras legalizadas serem obrigadas a registrar contas bancárias com uma classificação específica, mas o BC destacou que essas informações são apenas para uso interno e não serão divulgadas regularmente.
Embora a maior parte do valor seja repassada aos ganhadores, há divergências entre o Ministério da Fazenda e o BC sobre a porcentagem de retorno. Enquanto a Secretaria de Prêmios e Apostas afirma que 93% a 94% dos valores são devolvidos em prêmios, o BC havia calculado 85% em um relatório preliminar. O presidente do BC ressaltou que a instituição não tem poder para fiscalizar ou bloquear transações de apostas não autorizadas, competência que cabe à SPA. O papel do BC se limita a estatísticas e ao combate a crimes financeiros, como lavagem de dinheiro.
A CPI das Bets, instalada no Senado, busca investigar os impactos das apostas eletrônicas nas finanças das famílias e no sistema financeiro, além de possíveis ligações com o crime organizado. Durante depoimentos, representantes do BC explicaram que não podem bloquear Pix de apostadores que recebem Bolsa Família devido às restrições legais sobre sigilo bancário. Adicionalmente, foi destacado que apostadores online têm risco de crédito significativamente maior, resultando em juros mais altos cobrados por instituições financeiras.