Grandes consumidores de energia, especialmente industriais do mercado livre, podem enfrentar aumentos de 80% a 200% nos valores da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) até 2038, conforme projeções da Abrace Energia. O cenário considera o aumento das cotas unitárias da CDE-Uso, com impactos variáveis por região. No Norte e Nordeste, por exemplo, o custo subiria de R$ 30,02 para R$ 90,78 por MWh, enquanto no Sudeste e Sul passaria de R$ 51,63 para R$ 90,78 no mesmo período. O crescimento seria impulsionado pela saída de consumidores do rateio e por novos subsídios para famílias de baixa renda.
O Ministério de Minas e Energia (MME) propõe isenções na CDE para consumidores de baixa renda, como gratuidade no consumo mensal de até 80 kWh para beneficiários da Tarifa Social. Famílias com renda per capita entre meio e um salário mínimo também teriam desconto em consumos de até 120 kWh. Juntas, as medidas podem beneficiar até 115 milhões de pessoas, mas elevariam os custos da CDE de R$ 6,7 bilhões para R$ 10,3 bilhões anuais. Além disso, a reforma prevê a inclusão de consumidores livres no rateio de encargos, como os custos das usinas Angra 1 e 2 e da sobrecontratação de energia.
A Abrace Energia alerta para riscos à competitividade industrial, especialmente se as mudanças forem combinadas com a possível derrubada de vetos na Lei das eólicas offshore. A entidade também critica a proposta de fim dos descontos para fontes incentivadas em novos contratos, o que pode gerar uma corrida para registrar acordos antes da mudança. Embora reconheça esforços para reduzir custos, a associação destaca que o impacto real pode demorar a aparecer. Diante disso, o grupo mantém diálogo com o governo para sugerir ajustes na reforma.