O aumento linear de 9% nos salários dos servidores públicos federais, anunciado pelo governo, pode ter um impacto anual de R$ 10 bilhões no orçamento, considerando apenas os servidores ativos. O reajuste, que será pago a partir de 2 de maio com retroativos a janeiro, pode ampliar as disparidades internas no funcionalismo e pressionar ainda mais as contas públicas, segundo estudo do Centro de Liderança Pública (CLP). Apesar de compensar perdas acumuladas devido à inflação e à falta de correções nos últimos anos, a medida ignora diferenças entre carreiras, potencialmente aprofundando desigualdades.
Dados da RAIS mostram que a remuneração média dos servidores federais caiu de R$ 15 mil em 2019 para R$ 12 mil em 2023, enquanto no setor privado houve leve alta, de R$ 3 mil para R$ 3,1 mil no mesmo período. Além disso, o número de servidores civis federais cresceu de 539 mil em 2021 para 738 mil em 2023, o que aumenta o custo fiscal futuro. Se o contingente fosse mantido no patamar de 2019, o reajuste seria R$ 1 bilhão mais barato, segundo o estudo.
A diferença salarial entre os setores público e privado diminuiu de 407% para 278% entre 2019 e 2023, refletindo mudanças na estrutura de carreiras e no prêmio salarial. No entanto, algumas categorias, como cargos gerenciais, tiveram aumentos expressivos mesmo diante da retração geral. O CLP alerta para a necessidade de controle nas contratações e ajustes mais direcionados para evitar impactos fiscais e desigualdades crescentes.