A recente queda acentuada do dólar, que atingiu seu menor nível em três anos, tem levantado preocupações entre economistas sobre uma possível perda de confiança global nos Estados Unidos. As tarifas impostas pelo governo e a forma errática de sua implementação estão sendo vistas como fatores que minam a estabilidade do país, tradicionalmente considerado um porto seguro para investimentos. Barry Eichengreen, economista da Universidade da Califórnia, Berkeley, destaca que a confiança no dólar foi construída ao longo de décadas, mas pode se dissipar rapidamente se as incertezas persistirem.
O dólar desempenha um papel central no comércio internacional e como ativo de reserva, permitindo aos EUA manter taxas de empréstimo baixas e exercer influência geopolítica. No entanto, o aumento da dívida federal e as políticas comerciais agressivas têm levantado dúvidas sobre a sustentabilidade desse privilégio. Embora não haja alternativas imediatas ao dólar—como o yuan ou o bitcoin—que possam substituí-lo em larga escala, a volatilidade atual preocupa investidores, que temem um declínio gradual do domínio da moeda americana.
Alguns analistas, como Steve Ricchiuto, da Mizuho Financial, argumentam que a desvalorização do dólar reflete expectativas de inflação, e não necessariamente uma fuga de capitais. No entanto, a imprevisibilidade das políticas comerciais tem criado um clima de instabilidade, colocando em risco vantagens históricas dos EUA. Se a confiança continuar a ser abalada, as consequências poderiam ser profundas, afetando não apenas a economia americana, mas também o sistema financeiro global.