Uma manifestação do Acampamento Terra Livre (ATL), que reuniu mais de sete mil indígenas em Brasília, foi reprimida pela polícia na noite de quinta-feira (10) em frente ao Congresso Nacional. Os ativistas protestavam contra a Lei do Marco Temporal e outras medidas que impactam a demarcação de terras indígenas. Segundo relatos, a ação policial incluiu o uso de gás lacrimogêneo e pimenta, resultando em feridos e denúncias de violência desproporcional. Uma parlamentar indígena afirmou ter sido agredida e impedida de acessar o Congresso, mesmo após se identificar como deputada.
A representação criminal protocolada no STF acusa racismo, violência política e de gênero, lesão corporal e omissão de socorro. Gravações de uma reunião prévia da Secretaria de Segurança Pública do DF foram anexadas como possível evidência de incitação à violência. Lideranças indígenas, organizações e parlamentares criticaram a repressão, destacando que o protesto era pacífico e que a resposta do Estado foi excessiva. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) classificou o episódio como uma “armadilha” que expôs os manifestantes a bombas químicas sem necessidade.
As assessorias do Congresso afirmaram que os indígenas romperam barreiras de segurança e invadiram o gramado, justificando o uso de agentes químicos para conter a invasão. A Presidência do Congresso reiterou respeito aos povos originários, mas defendeu a necessidade de proteger o prédio e seus ocupantes. O caso gerou repercussão nacional, com pedidos de investigação e punição aos responsáveis, além de cobranças por um pedido público de desculpas.