Um projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) propõe alterar a denominação oficial dos produtos derivados da castanha, quando produzidos no estado, de “castanha-do-pará” para “castanha-da-amazônia”. O autor da proposta, o deputado Sinésio Campos (PT-AM), argumenta que a mudança reconhece a origem amazônica do fruto e fortalece sua identidade no mercado nacional e internacional. A iniciativa surge após um debate público sobre a nomenclatura, que historicamente varia entre “castanha-do-pará”, “castanha-do-brasil” e “castanha-da-amazônia”, refletindo divergências geográficas e culturais desde o século XIX.
A discussão ganhou força após um episódio em rede nacional, quando um ator amazonense usou o termo “castanha-da-amazônia” e foi corrigido, gerando repercussão nas redes sociais. Historiadores explicam que o nome “castanha-do-pará” remonta ao período em que o Amazonas era parte da Província do Pará, e a produção era escoada por Belém. No entanto, com o desenvolvimento do estado, entidades locais defendem há décadas nomes que reflitam melhor a origem amazônica do fruto. Atualmente, o Amazonas é o maior produtor da castanha no país, seguido por Acre e Pará.
Se sancionada pelo governador Wilson Lima, a lei exigirá adaptações do setor produtivo, incluindo a rastreabilidade e certificação de origem. Especialistas destacam que a mudança pode agregar valor ao produto, mas alertam que é necessário uma política mais ampla para beneficiar os extrativistas e garantir desenvolvimento sustentável. A economista Michele Aracaty ressalta que a medida só terá impacto real se melhorar a remuneração das comunidades que dependem da floresta, preservando ao mesmo tempo o meio ambiente.