O governo federal alerta para a possibilidade de falta de recursos no Orçamento já em 2027, o que comprometeria o cumprimento dos pisos mínimos em saúde e educação. Segundo projeções do PLDO 2026, a reinclusão das despesas com precatórios no arcabouço fiscal deixaria apenas R$ 65,7 bilhões para gastos discricionários após o pagamento de emendas parlamentares — valor insuficiente para cobrir os R$ 76,6 bilhões necessários para as áreas prioritárias. O déficit de R$ 10,9 bilhões sinaliza um cenário crítico, onde até o funcionamento básico da máquina pública e investimentos em outras políticas poderiam ser afetados.
A situação se agravaria nos anos seguintes, com margens líquidas negativas de R$ 87,3 bilhões em 2028 e R$ 154,3 bilhões em 2029, inviabilizando até mesmo as emendas parlamentares. O problema surge com o fim da exceção que excluía parte dos precatórios do teto de gastos, acordo temporário feito com o STF para regularizar pagamentos atrasados. Autoridades reconhecem a urgência do tema, mas afirmam que discussões sobre soluções ainda não começaram, embora destaquem a necessidade de diálogo com o Judiciário e o Congresso.
Técnicos do governo sugerem que as projeções podem estar infladas devido a um aumento recente nos precatórios, mas admitem que o problema exige estratégias de médio prazo. Enquanto isso, a dívida bruta em relação ao PIB deve ultrapassar 80% já em 2025, atingindo 84,2% em 2028, o que pressiona ainda mais as contas públicas. A incerteza sobre como equilibrar essas demandas sem comprometer a sustentabilidade fiscal coloca o próximo governo diante de um desafio complexo.