Até o fim de 2025, o Brasil deve alcançar 635.706 médicos em atividade, equivalentes a 2,98 profissionais por mil habitantes, ainda abaixo da média recomendada pela OCDE (3,7 por mil). Pela primeira vez, as mulheres serão maioria na profissão, representando 50,9% do total. A projeção para 2035 é ainda mais otimista, com mais de 1 milhão de médicos (5,2 por mil habitantes), sendo 55,7% mulheres. O estudo, realizado pela USP em parceria com a Associação Médica Brasileira e o Ministério da Saúde, destaca a expansão acelerada de cursos de medicina, com 225 novas faculdades abertas entre 2014 e 2024.
Apesar do crescimento, as desigualdades na distribuição de médicos pelo país permanecem graves. Enquanto 48 cidades com mais de 500 mil habitantes concentram 58% dos profissionais, 4.895 municípios menores (com menos de 50 mil habitantes) têm apenas 8%. Disparidades regionais também são evidentes: em 2035, o Distrito Federal terá 11,83 médicos por mil habitantes, enquanto Maranhão, Pará e Amapá ficarão abaixo de 3. Além disso, as vagas em residência médica não acompanham o ritmo da graduação, com apenas 8% dos médicos em programas de especialização em 2024.
O estudo também revela diferenças na especialização: 59,1% dos médicos ativos em 2024 eram especialistas, com predominância masculina em áreas como urologia (96,5%) e ortopedia (92%), enquanto mulheres se destacam em dermatologia (80,6%) e pediatria (76,8%). As regiões mais desenvolvidas, como Distrito Federal e São Paulo, têm as maiores taxas de especialistas, enquanto Maranhão e Pará registram as menores. Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas para reduzir as desigualdades e melhorar o acesso à saúde em todo o país.