Um produtor agrícola do oeste da Bahia, Moisés Schmidt, está liderando um projeto ambicioso para transformar o Brasil em um dos maiores produtores mundiais de cacau. Com uma fazenda de 10 mil hectares em implantação, ele acredita que a tecnologia e a irrigação brasileiras podem suprir a escassez global da matéria-prima, que ameaça o futuro do chocolate como o conhecemos. Schmidt já investiu em um viveiro de mudas capaz de produzir 3,5 milhões de unidades por ano e prevê que, em uma década, o país poderá atender à crescente demanda internacional, que deve chegar a 10 milhões de toneladas até 2050.
A crise no cacau, agravada por problemas climáticos e sanitários na África – responsável por 60% da produção global –, elevou os preços a patamares históricos, pressionando a indústria. Schmidt defende contratos mais longos e preços mínimos de US$ 6 mil por tonelada para viabilizar novos investimentos, evitando que produtores migrem para culturas como café e laranja. Seu modelo, baseado em irrigação tecnificada e agrofloresta, já atrai outros agricultores da região, com mais de 700 hectares em implantação por parceiros.
A iniciativa conta com apoio de entidades como a Ceplac e a Embrapa, além do reconhecimento internacional. Durante conferência da World Cocoa Foundation, o potencial do Brasil foi destacado como estratégico para garantir a sustentabilidade da cadeia produtiva. Schmidt reforça que o país tem tecnologia e capacidade para assumir esse papel, mas alerta: sem ações urgentes, o chocolate como conhecemos pode desaparecer, substituído por alternativas com menos cacau e mais açúcar.