O pernambucano Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, conhecido como cardeal Arcoverde, entrou para a história como o primeiro religioso latino-americano a integrar o colégio cardinalício da Igreja Católica. Nomeado cardeal em 1905, ele participou do conclave de 1914 que elegeu o papa Bento XV, simbolizando uma ligação direta entre o Brasil e o Vaticano. Apesar de não ser considerado “papável”, sua presença no processo eleitoral gerou entusiasmo no país, destacando-se como um marco para a Igreja na região.
Arcoverde teve um papel fundamental na reaproximação entre a Igreja e o Estado brasileiro após a Proclamação da República. Articulado e popular, ele mobilizou apoios para projetos como a oficialização de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil e a construção do Cristo Redentor no Rio de Janeiro. Sua trajetória incluiu passagens por seminários na Europa e liderança em dioceses brasileiras, consolidando sua influência no cenário religioso e político.
A nomeação de Arcoverde como cardeal foi resultado de negociações entre o governo brasileiro e a Santa Sé, refletindo o desejo do país de se afirmar no cenário global. Embora houvesse disputas internas na Igreja sobre quem seria o primeiro cardeal brasileiro, sua ascensão destacou-se pela capacidade de unir tradição e modernidade, deixando um legado que transcendeu seu tempo.