Uma família de macacos zogue-zogue, espécie criticamente ameaçada e encontrada apenas no norte do Mato Grosso, luta para sobreviver em um pequeno fragmento florestal cercado por desmatamento e pelo alagamento causado por uma usina hidrelétrica. Com apenas cinco indivíduos restantes na propriedade do agricultor Armando Schlindwein, os animais estão confinados em uma área menor que quatro campos de futebol, sem possibilidade de migração para outras regiões. Estudos indicam que a espécie já perdeu mais de 40% de seu habitat e pode desaparecer em duas décadas se nada for feito.
Para reverter o cenário, a comunidade local, com apoio de organizações ambientais, iniciou um projeto de reflorestamento em 2023, plantando espécies nativas em um hectare degradado. A iniciativa busca conectar o habitat dos zogue-zogues a outras áreas verdes, mas a vegetação levará anos para crescer. Enquanto isso, os macacos também enfrentam o isolamento causado pelo reservatório da hidrelétrica de Sinop, que inundou parte da floresta e criou uma barreira intransponível para os animais.
A empresa responsável pela usina afirma cumprir todas as exigências ambientais, incluindo um programa de monitoramento de primatas, mas moradores denunciam impactos negativos, como a morte de peixes devido à vegetação submersa em decomposição. A situação ilustra os desafios de conciliar desenvolvimento econômico e conservação de espécies ameaçadas em uma das regiões mais pressionadas pelo agronegócio no Brasil.