Os portos do Equador têm se consolidado como um ponto estratégico para o tráfico de cocaína rumo à Europa, apesar de o país não ser um produtor da droga. Autoridades locais destacam que 70% da cocaína mundial passa por suas rotas, proveniente principalmente da Colômbia e do Peru. O aumento no volume de apreensões recordes em 2024 reflete a escalada do problema, que está diretamente ligado ao crescimento do consumo no continente europeu. A violência associada ao narcotráfico também atingiu níveis alarmantes, com centenas de homicídios registrados em apenas um mês.
Gangues internacionais, especialmente de origem albanesa, têm ampliado sua atuação no Equador, aproveitando-se da infraestrutura portuária e das exportações legais, como a banana, para ocultar carregamentos ilegais. Relatos de trabalhadores e autoridades revelam que o recrutamento forçado e a corrupção são comuns, com ameaças de morte contra quem se recusa a cooperar. A crise econômica pós-pandemia exacerbou a vulnerabilidade da população, facilitando a infiltração de grupos criminosos.
Especialistas e autoridades equatorianas enfatizam que o combate ao tráfico só será eficaz com a redução da demanda global, principalmente na Europa e nos EUA. Dados da ONU mostram que o consumo de cocaína bateu recordes, com o Reino Unido ocupando o segundo lugar no ranking mundial. Enquanto isso, o Equador enfrenta as consequências sociais e econômicas dessa cadeia, incluindo danos à reputação de suas exportações e o recrutamento de jovens por gangues. A mensagem do país é clara: sem controle do consumo, o tráfico continuará incontrolável.