Uma mancha escura e malcheirosa apareceu no mar da Praia do Bessa, em João Pessoa, há cerca de três semanas, revelando um ecossistema degradado pelo esgoto clandestino e pela urbanização desordenada. A mancha, que sumiu dias depois, surgiu em um estuário onde o Rio Jaguaribe deságua no manguezal antes de chegar ao mar. Especialistas apontam que a poluição histórica do rio, somada ao despejo irregular de resíduos, criou um ambiente com altos níveis de contaminação, incluindo coliformes fecais em quantidade sete vezes acima do limite aceitável para banho.
O manguezal, área de preservação permanente, sofre com a degradação causada por construções irregulares, criação de gado e lançamento direto de esgoto. Apesar de sua função natural de filtrar poluentes, o excesso de matéria orgânica e a falta de oxigênio na água agravaram o problema, resultando no mau cheiro e na coloração anormal da mancha. Fiscalizações recentes identificaram diversas irregularidades na região, mas ações efetivas para recuperação ainda dependem de políticas públicas e cooperação entre órgãos ambientais.
Especialistas afirmam que a recuperação do Rio Jaguaribe e do manguezal é possível, mas exigirá tratamento adequado de esgoto, restauração da mata ciliar e educação ambiental. Soluções de baixo custo, como fossas ecológicas, já são testadas em comunidades locais e mostram potencial para ampliação. Enquanto isso, autoridades planejam novas fiscalizações e aguardam laudos técnicos para definir medidas mais robustas contra a poluição e a ocupação irregular do ecossistema costeiro.