Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, é celebrada por sua poesia simples e profunda, que transcende gerações. Nascida em 1889 na cidade de Goiás, sua obra reflete uma sabedoria intuitiva sobre a condição humana, antecipando insights que a psicanálise mais tarde exploraria. Seus versos, acessíveis tanto a leitores eruditos quanto ao público geral, falam da vida com uma linguagem artística que mistura experiência pessoal e universalidade.
Um exemplo marcante é o poema “Nasci antes do tempo”, onde o eu lírico transforma um aparente lamento em resiliência. Inicialmente, a voz poética questiona por que seus projetos nunca deram certo, mas, ao evocar o ditado popular “nasci antes do tempo”, encontra consolo e força para seguir adiante. O desfecho surpreendente—a resposta “Amém” a um insulto—revela uma lição prática: rejeitar interpretações negativas e abraçar a gentileza consigo mesmo.
A reflexão final do texto destaca como a poesia de Cora Coralina oferece um antídoto ao negativismo, ensinando a valorizar o que é bom e a seguir em frente sem o peso das críticas alheias. Como observa o psicanalista Jorge Forbes, tendemos a internalizar insultos mais facilmente que elogios, mas a obra da poetisa nos convida a inverter essa lógica. Sua mensagem permanece relevante: a arte de dizer “Amém” às coisas boas é um caminho para uma vida mais leve e autocompassiva.