O petróleo Brent e WTI tem oscilado em torno de US$ 60 o barril, atingindo mínimas de cerca de quatro anos devido às incertezas sobre o crescimento global, agravadas pela guerra comercial após as tarifas impostas pelos EUA no início de abril. Nesse cenário, as ações da Petrobras, especialmente as preferenciais (PETR4), caíram aproximadamente 14% desde o anúncio das medidas, refletindo as dúvidas sobre as perspectivas da estatal. A volatilidade dos preços do petróleo tem levantado preocupações entre investidores quanto à capacidade da empresa de manter sua política de dividendos sem aumentar o endividamento.
Segundo análise do Itaú BBA, a queda acentuada nos preços do petróleo e a incerteza sobre sua trajetória podem exigir que a Petrobras eleve sua alavancagem para honrar os pagamentos de dividendos. A atual política da empresa destina 45% do fluxo de caixa operacional líquido de investimentos (capex) aos dividendos, mas não considera despesas financeiras ou arrendamentos. Em cenários de petróleo abaixo de US$ 65 o barril, a dívida bruta da Petrobras pode subir para US$ 64 bilhões até o fim do ano, aproximando-se do limite de US$ 75 bilhões estabelecido pela companhia.
Os analistas destacam que, se os preços caírem abaixo de US$ 50 o barril, a dívida pode ultrapassar o limite, pressionando ainda mais o balanço da Petrobras. Embora a empresa possa priorizar dividendos no curto prazo, a sustentabilidade dessa estratégia em um ambiente de petróleo barato permanece incerta. O Itaú BBA mantém uma recomendação “outperform” para as ações, com preço-alvo de R$ 49, mas ressalta os riscos associados à volatilidade do mercado e às decisões de gestão financeira da estatal.