Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), desenvolveram uma embalagem feita de bagaço de cana-de-açúcar que substitui o plástico na proteção de componentes eletrônicos sensíveis, como chips. O material, que levou dois anos para ser criado no Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), combina fibras de celulose do bagaço com negro de fumo, permitindo condutividade elétrica e dissipação de carga estática. A inovação oferece uma alternativa sustentável aos polímeros derivados de petróleo, que demoram séculos para se decompor.
O processo de desenvolvimento incluiu ajustes nas proporções dos materiais para garantir desempenho adequado, além de análises estruturais em microscópios eletrônicos e no acelerador de partículas Sirius, também localizado no CNPEM. Por meio do feixe de luz Mogno, os pesquisadores puderam observar detalhes da microestrutura do material, como a distribuição uniforme da celulose e a presença do carbono condutivo. Esses insights ajudaram a entender e aprimorar as propriedades elétricas e mecânicas da embalagem.
O produto, que já teve sua patente registrada, não possui equivalentes no mercado e agora aguarda parcerias com empresas para produção em escala industrial. A iniciativa destaca-se por agregar valor a um subproduto da agroindústria, alinhando inovação tecnológica e sustentabilidade. Com potencial para reduzir o impacto ambiental do setor eletrônico, a embalagem representa um avanço significativo na substituição de plásticos tradicionais.