Uma pesquisa realizada pela ONG Ação da Cidadania com 1,7 mil entregadores de aplicativos de comida no Rio de Janeiro e em São Paulo revelou condições de trabalho preocupantes. Mais de 40% dos entrevistados já sofreram acidentes durante o exercício da função, sendo que 38,8% desses casos foram graves, exigindo afastamento. Além disso, 32% enfrentam insegurança alimentar, variando de leve a grave, enquanto a maioria trabalha sete dias por semana, sem folgas, e mais de nove horas diárias por remuneração baixa.
O estudo destacou que 91,5% dos entregadores têm nessa atividade sua principal ocupação, com famílias que vivem com renda mensal entre dois e cinco salários mínimos. Apenas 27,8% contribuem para a previdência social, o que agrava a vulnerabilidade futura desses trabalhadores. Segundo o diretor da ONG, o modelo atual sobrecarrega os entregadores, que não têm acesso a benefícios como aposentadoria ou plano de saúde, transferindo esses custos para o Estado enquanto as empresas lucram.
A divulgação dos dados coincide com protestos nacionais de entregadores, que reivindicam melhores condições, incluindo taxa mínima por entrega e limites de distância para ciclistas. A pesquisa busca pautar debates sobre regulação do setor, mostrando a realidade desses trabalhadores e os impactos de um sistema que combina exaustão, riscos e falta de proteção social.