O simples ato de passear com um carrinho de bebê pelas calçadas de São Paulo se transforma em uma verdadeira aventura off-road. Degraus mal nivelados, buracos, postes e tapumes de obras obrigam os pais a desviar para a rua, enquanto carros estacionados estreitam ainda mais o espaço. A situação é tão absurda que chega a parecer necessária a aquisição de um carrinho com tração nas quatro rodas e suspensão reforçada, equipado para enfrentar terrenos irregulares como os das calçadas da cidade.
A preparação para o passeio vai além do básico: exige roupas técnicas, calçados adequados e até equipamentos de proteção, como se fosse uma trilha de montanha. Pais e mães trocam dicas como verdadeiros aventureiros, alertando sobre obstáculos como paralelepípedos, árvores caídas ou rampas escorregadias. A comparação com esportes radicais não é exagero—até corredores de trail reconhecem a dificuldade da tarefa, olhando com respeito para quem enfrenta o percurso com um carrinho de bebê.
Ao final do trajeto, a sensação é de ter completado uma meia maratona, com dores nas costas e pernas. A ironia do texto sugere que talvez fosse mais fácil incluir uma nova modalidade olímpica: slalom com carrinho de bebê em calçadas brasileiras, com direito a aulas de esqui alpino e canoagem. A crítica sutil, mas contundente, revela o descaso com a infraestrutura urbana, que transforma um momento simples do cotidiano em um desafio extremo.