O governo do Paraguai decidiu chamar seu embaixador no Brasil para consultas e convocar o embaixador brasileiro em Assunção para explicar supostos ataques hackers realizados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra autoridades paraguaias. O ministro das Relações Exteriores do Paraguai afirmou que a medida busca esclarecimentos detalhados sobre as ações de inteligência, que teriam como objetivo obter informações sensíveis relacionadas às negociações tarifárias da usina de Itaipu. Como resposta, o país suspendeu as tratativas sobre o Anexo C do acordo binacional até que o Brasil apresente justificativas formais.
O governo brasileiro negou envolvimento na operação, alegando que a ação foi autorizada durante a gestão anterior e cancelada assim que a atual administração tomou conhecimento. No entanto, reportagens indicam que a espionagem teria ocorrido também sob o atual governo, com alvos incluindo instituições como o Senado e a Presidência do Paraguai. A Abin estaria sob investigação por suposto uso indevido durante o governo passado, mas a operação em questão teria sido comemorada por um diretor da agência nomeado posteriormente.
O impasse ocorre após Brasil e Paraguai fecharem, em maio, um acordo tarifário para Itaipu, que prevê reajuste menor do que o inicialmente pedido pelo país vizinho. O lado brasileiro assegurou que o custo para seus consumidores não aumentará, graças a mecanismos de compensação. A crise diplomática, no entanto, pode tensionar as relações bilaterais e afetar futuras negociações entre os dois países.