Em um gesto que reforça sua trajetória marcada pela humildade, o Papa Francisco, já debilitado, doou todos os seus bens pessoais, estimados em 200 mil euros, a projetos sociais em prisões de Roma. A decisão, confirmada por um bispo responsável pela pastoral carcerária, reflete seu voto de pobreza como jesuíta e sua renúncia a honrarias papais. Dias antes de falecer, Francisco visitou detentos para um ritual tradicional, embora tenha dispensado a cerimônia do lava-pés, mantendo sua postura de simplicidade até o fim.
A questão das heranças papais é complexa: enquanto bens adquiridos antes do pontificado podem ser herdados, no caso de Francisco, é provável que ele já tivesse renunciado a seus recursos anteriormente. Um especialista explica que a doação recente foi coerente com sua escolha de vida, sem acumular patrimônio. O tema ganhou atenção após a morte do Papa Bento XVI, cujos herdeiros recusaram a herança devido a possíveis dívidas e processos legais na Alemanha, onde herdar implica assumir responsabilidades financeiras e jurídicas.
No Brasil, a legislação protege os herdeiros, impedindo que dívidas do falecido recaiam sobre eles, diferentemente de muitos países europeus. Apesar disso, planejamento sucessório é essencial, especialmente para bens no exterior, que podem estar sujeitos a regras específicas. A doação de Francisco encerra seu pontificado de forma alinhada aos valores que sempre defendeu, deixando um legado de desapego material e compromisso social.