O conclave que elegerá o sucessor do papa Francisco pode ser o mais internacional da história, refletindo a mudança geográfica no perfil dos fiéis católicos. Enquanto a Europa, berço tradicional da Igreja, vê a porcentagem de católicos diminuir – de 37% em 1975 para 32% em 2025 –, a África e a Ásia registram crescimento acima da média populacional. Francisco, sensível a essa transformação, ampliou a representatividade de cardeais, incluindo mais religiosos de regiões em ascensão, como a África. Dos 135 cardeais aptos a votar, 71 países estão representados, um recorde em comparação com eleições anteriores.
Além da diversificação, o papa também deixou um legado marcado pela atenção a conflitos globais, especialmente na questão humanitária em Gaza. Mesmo criticado por algumas posturas, manteve diálogo constante com comunidades afetadas por guerras, como demonstrado pelas mais de 500 ligações à paróquia da Sagrada Família em Gaza. Sua última mensagem pública, horas antes de morrer, foi um apelo pelo cessar-fogo na região e pela libertação de reféns.
O processo de escolha do novo pontífice ocorre em um cenário de fragmentação, com cardeais de diversas origens culturais e geográficas, exigindo amplo consenso para a eleição. A Capela Sistina abrigará um grupo menos homogêneo do que em anos anteriores, simbolizando a transição da Igreja para um futuro mais globalizado e distante de seu eixo histórico europeu.