O papa Francisco, durante seus 12 anos à frente do Vaticano, destacou-se por uma abordagem aberta e dialogante em relação a ateus e não crentes, contrastando com visões mais tradicionais de seus antecessores. Sua postura, pautada pela valorização de ações em prol do próximo — independentemente da crença —, conquistou a simpatia de grupos não religiosos. Pesquisas como as do Pew Research Center mostraram que, nos EUA, 56% das pessoas sem afiliação religiosa tinham uma visão favorável do papa, reflexo de seu discurso inclusivo e de gestos como a defesa de imigrantes e a aproximação com outras religiões.
Francisco também promoveu mudanças significativas dentro da Igreja Católica, como a aceitação de casais do mesmo sexo para bênçãos sacerdotais e um posicionamento firme contra a desigualdade social. Sua encíclica “Laudato si” e acordos diplomáticos, como a mediação entre EUA e Cuba, reforçaram sua imagem como um líder progressista. Para pesquisadores, essa abertura ressoou especialmente entre ateus, que tendem a ser mais alinhados com ideias progressistas e menos vinculados a tradições religiosas.
Apesar das críticas de setores conservadores da Igreja, Francisco deixou um legado de diálogo e inclusão, influenciando até mesmo figuras públicas não religiosas, como o ex-presidente cubano Raúl Castro. Seu sucessor herdará uma instituição em transformação, com desafios como manter esse equilíbrio entre tradição e modernidade. Enquanto isso, o crescimento de ateus e agnósticos no Brasil e no mundo sugere que a postura adotada por Francisco pode ser crucial para a relevância futura da Igreja Católica em uma sociedade cada vez mais plural.