A ala oposicionista do União Brasil está pressionando para que o partido deixe o Ministério das Comunicações na próxima semana, após a maioria dos deputados da legenda apoiarem um requerimento de urgência para anistiar envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. A nomeação do novo ministro, que já havia sido criticada internamente, agora enfrenta resistência ainda maior, com quase 70% dos parlamentares do partido descumprindo a orientação do Palácio do Planalto. O governo avalia que a permanência do União Brasil no ministério está em risco, especialmente porque a expectativa era de que pelo menos metade da bancada se alinhasse com o presidente.
Além do União Brasil, o PSD, outro partido com três pastas no governo, também registrou alta dissidência, com mais da metade de seus deputados apoiando o mesmo requerimento. Integrantes do PSD alegam insatisfação com a representação no governo, especialmente na Câmara e no Senado, onde ministérios são vistos como cotas pessoais do presidente. No total, 146 das 262 assinaturas no documento vieram de parlamentares de partidos da base governista, aumentando a tensão entre o Planalto e seus aliados.
O governo agora enfrenta o dilema de como lidar com parlamentares que, mesmo ocupando cargos no Executivo, apoiaram uma medida contrária à sua orientação. Líderes governistas alertam que retaliar pode ser arriscado, já que o Planalto ainda depende desses votos para projetos prioritários, como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. A situação expõe fragilidades na base de apoio e coloca em xeque a estratégia de articulação política do governo.