Especialistas destacam os desafios no uso de opioides para tratar a dor oncológica, que afeta cerca de 60% dos pacientes com câncer. Embora esses medicamentos sejam fundamentais no controle da dor, seus efeitos colaterais—como sonolência, depressão respiratória e risco de dependência—são preocupantes. Além disso, estudos indicam que os opioides podem comprometer o sistema imunológico, prejudicando a eficácia de imunoterapias, comuns em casos de câncer de mama e pulmão.
A discussão central gira em torno da subutilização de procedimentos intervencionistas, que poderiam reduzir a dependência de opioides. Técnicas como ablação por radiofrequência, crioablação e bombas de infusão intratecal são alternativas eficazes, mas ainda pouco aplicadas no início do tratamento. O radio-oncologista Deivid Augusto Silva ressaltou que a radioterapia, segura e analgésica, também é subestimada, apesar de diminuir a necessidade de opioides.
O consenso entre os médicos é que a adoção precoce desses métodos pode preservar a funcionalidade dos pacientes e evitar complicações tardias. Com cerca de 700 mil novos casos de câncer por ano no Brasil, a dor oncológica permanece um problema crítico, exigindo abordagens mais equilibradas entre medicamentos e intervenções. A busca por alternativas menos invasivas e mais direcionadas é essencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.