Uma semana após a deflagração da Operação Sem Desconto, investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) apontam um esquema que desviou até R$ 6,3 bilhões do INSS entre 2019 e 2024. Segundo as apurações, servidores públicos teriam facilitado descontos irregulares em aposentadorias e pensões, beneficiando associações que ofereciam vantagens indevidas, como descontos em serviços. O caso ganhou força após a revelação de que um decreto de 2020, que exigia autorização expressa do beneficiário, foi ignorado em decisões internas do órgão.
As evidências mostram um crescimento anormal de contribuições para oito associações, com aumento de 2.011% no período, enquanto a média geral foi de 115%. Parte dos recursos desviados foi direcionada a empresas sem vínculo com atividades sindicais, como turismo e eventos, com movimentações atípicas superando R$ 26 milhões em um único caso. Além disso, investigações identificaram concentração de descontos em cidades com baixo IDH, onde mais de 60% dos beneficiários tiveram seus rendimentos impactados.
Apesar das suspeitas envolvendo servidores e ex-dirigentes do INSS, o ministro da Previdência permanece no cargo, com apoio de seu partido. Autoridades afirmam que não há indícios diretos contra ele, embora admitam demora na fiscalização. Enquanto isso, as instituições investigadas negam irregularidades e afirmam ter agido dentro da legalidade. O caso continua sob apuração, com expectativa de novos desdobramentos.