Uma investigação da Polícia Civil revelou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que uniu duas das maiores facções criminosas do país, Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC). O sistema, que movimentou cerca de R$ 6 bilhões em um ano, utilizava empresas de fachada, um banco digital e uma rede de “mulas financeiras” para ocultar a origem ilícita dos recursos. Os depósitos eram feitos em notas de baixo valor, muitas vezes com indícios de contaminação por drogas, e depois distribuídos por diversos negócios, incluindo perfumarias e plataformas contábeis, para dificultar o rastreamento.
O esquema operava em dois estados, com recursos sendo enviados do Rio de Janeiro para São Paulo e depois para instituições financeiras em regiões de fronteira, como Bolívia e Paraguai. Parte do dinheiro era reinvestida na compra de drogas e armas, enquanto outra parcela retornava ao CV por meio de empresas fantasmas no Rio. A polícia identificou que o banco digital 4TBANK, ligado a um dos grupos, movimentou R$ 1,4 bilhão em apenas cinco meses, evidenciando a escala do crime.
A operação, batizada de “Contenção”, resultou na prisão de um dos responsáveis pela ligação entre as facções e no cumprimento de mandados em várias cidades dos dois estados. Autoridades destacaram que a ação visa desarticular a estrutura financeira e logística das organizações, impedindo sua expansão territorial. Este é considerado o maior golpe contra a lavagem de dinheiro do CV no Rio, com 20 empresas sob investigação.