Um funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) revelou à Polícia Federal que uma operação hacker contra sistemas do governo paraguaio, batizada de Vortex, foi temporariamente interrompida devido ao temor de que as informações vazassem e levassem à prisão dos envolvidos. A ação, iniciada ainda no governo anterior, teria continuado no atual governo, com autorização de diretores da Abin. Segundo relatos, o objetivo era obter dados sigiosos sobre negociações do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras da usina hidrelétrica binacional.
A operação envolveu o uso de ferramentas de intrusão, como Cobalt Strike, e e-mails com engenharia social para acessar sistemas do Congresso e da Presidência do Paraguai. Os ataques partiram de servidores no Chile e no Panamá, com suposto aval da alta cúpula da Abin. O caso gerou tensão entre Brasil e Paraguai, levando o governo paraguaio a convocar o embaixador brasileiro para explicações e a abrir uma investigação criminal sobre a suposta espionagem.
O Ministério Público do Paraguai confirmou a abertura de um processo para apurar as denúncias, enquanto o governo brasileiro afirmou ter interrompido a ação assim que tomou conhecimento. O episódio também expôs disputas internas entre a Abin e a Polícia Federal, ampliadas pelas investigações sobre supostas atividades ilegais da agência em anos anteriores.