A internet está dominada por números—seguidores, curtidas, visualizações—que muitas vezes são usados como medidas de sucesso e relevância. No entanto, mais da metade do tráfego online é gerado por bots e automações, não por pessoas reais, segundo dados da Imperva. No Brasil, a situação é ainda mais crítica: 56,26% dos influenciadores são impactados por fraudes, com taxas que chegam a 72,6% para aqueles com meio milhão a 1 milhão de seguidores. Plataformas como Instagram, X (antigo Twitter) e TikTok também enfrentam problemas similares, com porcentagens significativas de seguidores falsos ou inativos.
Essa distorção não se limita a perfis pessoais—afeta negócios, políticas públicas e credibilidade. Estima-se que 9,5% dos usuários do Instagram sejam bots, causando prejuízos de US$ 1,3 bilhão em interações falsas. Avaliações online também são manipuladas, com até 15% das reviews em marketplaces sendo compradas. A indústria publicitária, acostumada a valorizar volumetrias desde os tempos da TV, transferiu essa mentalidade para o digital sem questionar sua validade, criando uma corrida por métricas que nem sempre refletem engajamento real.
A obsessão por números alimentou um mercado paralelo de compra e venda de seguidores e curtidas, distorcendo ainda mais a percepção de influência e sucesso. A confiança em métricas não auditadas e a celebração de engajamentos falsos revelam uma relação problemática com os dados. No fim, a métrica virou mito, e o que era para ser prova social muitas vezes se resume a barulho vazio—uma ilusão sustentada por bots e estratégias de manipulação.