A partir da próxima semana, mulheres em situação de violência doméstica no Rio Grande do Sul poderão solicitar medidas protetivas de urgência pela internet. A iniciativa, liderada pela Polícia Civil do estado, visa facilitar o acesso a um mecanismo considerado crucial para interromper o ciclo de violência. A decisão foi acelerada após a ocorrência de seis feminicídios em menos de 24 horas, elevando para 25 o número de casos registrados no estado este ano. Segundo autoridades, cerca de 90% das vítimas não tinham medidas protetivas ativas, o que reforça a necessidade de alternativas mais acessíveis para denúncia.
O novo sistema permitirá que as vítimas peçam ajuda sem precisar comparecer a uma delegacia, reduzindo o risco de serem interceptadas pelos agressores. O delegado Fernando Sodré destacou que muitas mulheres deixam de denunciar por medo, e a ferramenta digital pode ser um passo importante para mudar esse cenário. A expectativa é que, com a medida, haja um aumento no número de solicitações e, consequentemente, uma redução nos casos de feminicídio. A data exata de lançamento será anunciada na terça-feira (22).
Os seis crimes registrados na sexta-feira (18) ocorreram em cidades diferentes, sem conexão aparente além do machismo estrutural. Entre os casos, há vítimas que foram mortas por ex-companheiros, incluindo uma jovem grávida e uma técnica de enfermagem. As autoridades reforçam que as medidas protetivas, sejam físicas ou digitais, são essenciais para romper o ciclo de violência, mas destacam a importância de ações mais amplas para combater a cultura de posse e misoginia na sociedade.