O governo italiano anunciou um decreto que endurece as regras para obtenção da cidadania por direito de sangue (jus sanguinis), limitando o reconhecimento a filhos e netos de italianos nascidos na Itália. A mudança, que entrou em vigor imediatamente para novos pedidos, afeta milhões de descendentes de imigrantes italianos no Brasil, onde estima-se que haja 32 milhões de ítalo-brasileiros. O governo justifica a medida como necessária para coibir fraudes e a comercialização da cidadania, mas críticos argumentam que ela desconsidera laços históricos e afetivos de famílias que mantiveram viva a cultura italiana por gerações.
Muitos descendentes, como a gaúcha Geniana Finatto, que cresceu imersa em tradições italianas, sentem-se pessoalmente impactados pela decisão. Famílias que já haviam iniciado processos burocráticos caros e demorados agora enfrentam incertezas, enquanto assessorias especializadas preveem ações judiciais para contestar o decreto. O ministro das Relações Exteriores italiano afirmou que a cidadania “não pode ser um instrumento para viagens”, mas para muitos, como a advogada Gabriela Tremarin, trata-se de um “projeto de vida” ligado à identidade e oportunidades na Europa.
A discussão divide opiniões: enquanto alguns defendem a necessidade de modernizar a legislação, outros, como o deputado Fabio Porta, alertam para o risco de “jogar fora a criança com a água do banho”. Uma petição online contra o decreto já reuniu mais de 85 mil assinaturas, destacando o papel histórico dos imigrantes italianos na construção de comunidades no exterior. O tema ainda será debatido no Parlamento italiano nos próximos 60 dias, mas a decisão final promete acirrar os ânimos entre defensores da tradição e proponentes da reforma.