O veículo robótico Curiosity, da Nasa, encontrou os maiores compostos orgânicos já detectados em Marte, em rochas de 3,7 bilhões de anos na Baía de Yellowknife, um antigo leito de lago. As moléculas descobertas são longas cadeias de alcanos, remanescentes de ácidos graxos, que podem ser tanto produtos de reações químicas quanto componentes de membranas celulares de organismos vivos. Embora não haja confirmação de uma “assinatura biológica”, a descoberta é considerada a mais promissora até agora na busca por vestígios de vida passada no planeta vermelho.
Os pesquisadores desenvolveram um novo método para analisar as amostras, permitindo a identificação de cadeias orgânicas mais longas do que as detectadas anteriormente. Caroline Freissinet, química envolvida no estudo, destacou que essas moléculas podem ter origem na degradação de membranas celulares antigas, embora isso ainda seja uma hipótese. O Curiosity, que explora a cratera Gale desde 2012, já havia encontrado compostos orgânicos em 2018, mas em estruturas moleculares menores.
O estudo, publicado na revista PNAS, reforça que, embora processos não biológicos possam gerar ácidos graxos, essas moléculas são componentes universais da bioquímica terrestre — e possivelmente marciana. A descoberta alimenta a discussão sobre a existência de vida em Marte no passado, mas os cientistas enfatizam a necessidade de mais pesquisas para confirmar sua origem. A missão do Curiosity continua a fornecer dados valiosos para entender a história geológica e potencial biológica do planeta.