Na agitada rotina de Belém, monumentos históricos muitas vezes passam despercebidos, apesar de carregarem memórias essenciais da cidade. Espaços como a Praça da República, o Chafariz da Sereia e o Monumento da Cabanagem são testemunhas silenciosas de diferentes épocas, desde o período colonial até movimentos populares como a Cabanagem, um dos maiores levantes do Brasil. O historiador Márcio Neco destaca que esses monumentos vão além da estética, servindo como materialização da memória coletiva e merecendo preservação para evitar o apagamento de partes importantes da história.
O Chafariz da Sereia, importado da Europa em 1904, ganhou novos significados na Amazônia, associando-se a lendas locais como a Iara e a Mãe d’Água. Já o monumento À República, inaugurado em 1897, simboliza a transição do Império para a República, marcando uma mudança política intencional. Enquanto isso, a Praça Waldemar Henrique homenageia o maestro paraense com elementos do imaginário amazônico, como a Matinta Pereira e o Boto, oferecendo uma imersão cultural única, ainda pouco valorizada pela população.
Apesar da riqueza histórica, muitos moradores desconhecem os significados por trás desses símbolos urbanos. Relatos como os do aposentado Benedito Gaia, que só recentemente descobriu a ligação do Monumento da Cabanagem com o movimento popular, mostram como a memória coletiva pode ser frágil. A preservação e a divulgação dessas histórias são essenciais para manter viva a identidade de Belém e evitar que parte de seu passado caia no esquecimento.