Um ano após a descoberta de um barco à deriva com nove corpos no litoral do Pará, as vítimas seguem não identificadas. O caso, que completou um ano neste domingo (13), teve o inquérito concluído pela Polícia Federal sem que a origem ou as circunstâncias exatas das mortes fossem esclarecidas. Os corpos, de homens adultos de países africanos como Mauritânia e Mali, foram sepultados em Belém sem que familiares os reclamassem. As investigações sugerem que a embarcação, sem motor ou direção, partiu da África rumo à Europa e ficou à deriva por meses, levada por correntes marítimas até o Brasil.
A principal causa das mortes foi atribuída a fome e sede, com indícios de que as vítimas faziam parte de uma rota migratória irregular. Objetos e documentos encontrados no barco apontaram a origem africana, mas não houve avanços na identificação. A PF destacou que o governo da Mauritânia e associações locais poderiam auxiliar no reconhecimento dos corpos, mas, até agora, nenhum parente surgiu. O caso foi encaminhado para arquivamento por falta de provas de crime em território brasileiro.
Especialistas em oceanografia sugerem que o barco pode ter sido arrastado por correntes oceânicas desde a costa africana até o Pará. As investigações preliminares levantaram a hipótese de tráfico de imigrantes, mas sem confirmação. Enquanto isso, as vítimas permanecem em túmulos sem identificação no cemitério São Jorge, em Belém, simbolizando um trágico episódio ainda envolto em mistério.